quarta-feira, 20 de março de 2013

Amigo Colorido - conto gay


            O Miguel é agora o meu melhor amigo… e é agora o meu amante especial. Os meus pais e os pais dele são vizinhos, moram lado a lado e são amigos há… milhares de anos, desde sempre. São daqueles vizinhos que não poderiam ser mais perfeitos. O meu pai e o Sr. Fernando são fanáticos da bola e adoram o mesmo clube, a minha mãe e a D. Elisa adoram receitas, compras e cortar na casaca das outras vizinhas. São amigos ao ponto de terem arrombado a divisória dos quintais e feito um portão para não terem de saltar o muro; são amigos ao ponto de alternarem na manutenção das propriedades… um dia é cortada a relva do meu pai, no dia seguinte corta-se a do Sr. Fernando e isto aplica-se ao corte das sebes, às pinturas… os jantares aos fins-de-semana são comuns, enfim, já dá para perceber a ideia.

            A minha relação com o Miguel sempre foi perfeitamente normal. Sendo seis anos mais novo que eu, nunca tive grande paciência para ele. Quando fiz 17 anos ele tinha onze, nasceu já fora de prazo (como a mãe dele costuma dizer) e a última coisa que me apetecia era andar com uma criança atrás de mim. Depois entrei para a faculdade, depois comecei a trabalhar, depois comprei casa… claro que o vi crescer, vi-o tornar-se um tipo delicioso, mas só o encontrava nos fins-de-semana em que ia jantar a casa dos meus pais e ele lá estava… às vezes sozinho, outras com as namoradas… eramos amigos no Facebook, trocávamos emails malucos, mas nunca passou disso, eramos amigos sem o ser.

            Aproximámo-nos há pouco tempo, quando nos começámos a encontrar na piscina municipal… eu porque precisava manter a linha, ele porque era o professor, vigilante e animador das senhoras aborrecidas. As raparigas derretiam-se com ele e faziam tudo o que ele pedia, as senhoras protestavam, mas faziam tudo também e com um sorriso nos lábios, os homens… uns não lhe ligavam mais que o indispensável, a maioria invejava-o, alguns derretiam-se com ele como as mulheres faziam… eu acabei a fazer parte do último grupo.

            Sempre tive namorados, sempre tive os meus casos quando estava sozinho e sempre tive os ‘one night stand’, as minhas curtes inconsequentes; na faculdade e fora dela. O que eu nunca pensei foi vir a ter um ‘amigo colorido’. Vi o filme, vi a série, ouvi comentários sobre isso, mas nunca me passou pela cabeça ter um amigo com benefícios… até agora.

            A nossa cumplicidade começou-se a desenvolver na piscina… as razões foram várias, mas a principal foi o facto de o ter visto em fato de banho. No primeiro dia a coisa correu bem, ele estava de calções e t-shirt e eu reparei nas belas pernas que tinha, mas não houve motivos para me desorientar. Cumprimentei-o normalmente, conversámos um bocado como era próprio de quem não se via há algum tempo e de quem tinha um passado em comum (eu era um miúdo quando ele nascera e andara com ele ao colo), mas não passou disso.

            Na semana seguinte a te-lo reencontrado, fiz uma cena digna de um filme do Chaplin. Ao entrar na zona da piscina apanhei-o a sair da água e o meu coração quase que parou quando o vi agarrado às escadas a trepar para fora da piscina. Nunca me tinha acontecido ver uma cena em camara lenta, tipo filme, mas foi o que me aconteceu, vi aparecer a cabeça dele molhada com a água a escorrer-lhe pelo rosto, vi aparecer o seu peito perfeito (com 21 anos, não é muito másculo, mas tem o tronco perfeitamente definido e com os músculos bem visíveis) e depois as pernas. Parou um segundo a passar a mão no cabelo curto e piscou-me o olho com um sorriso de cumprimento. Eu levantei a mão para lhe acenar, tropecei não sei em quê e espalhei-me ao comprido em cima dumas espreguiçadeiras que alguém tinha tido a infeliz ideia de meter no meu caminho.

            - Então, meu? – o Miguel correra para mim, para me ajudar a levantar

            - Olá! – fora a única coisa que conseguira dizer, sentindo-me total e absolutamente humilhado

            O seu sorriso era de gozo, o que não ajudou em nada que me sentisse melhor e as palavras que se seguiram deram cabo da pouca dignidade que ainda me restava.

            - Se estás com os copos não te deixo entrar na piscina!

            - Achas? – bradei escandalizado apoiando-me no seu braço para me levantar, desesperado por me desenrolar da toalha que parecia ter-se colado a mim

            - Para onde é que estavas a olhar, palerma?

            - Para ti, para onde é que havia de ser!

            A verdade às vezes engana… a sua reação foi abanar a cabeça, em claro esforço para não se rir.

            - Não sei se o teu amigo vai gostar!

            A sua resposta simples e o seu olhar dirigido a um ponto atrás de mim fez-me virar. Tinha o meu namorado a aproximar-se com cara de poucos amigos.

            - O que é que aconteceu? – perguntara ele de sobrolho franzido

            - Estava a dizer adeus ao Miguel e espalhei-me!

            - Tens de abrir os olhos! – disse ele afastando-se imediatamente

            O Miguel fez aquela expressão de constrangimento que fazemos quando alguém à nossa frente fez algo que não devia e ia ter problemas com isso.

            - Já vais levar nas orelhas! – disse antes de me virar as costas e se afastar

            Eu nunca lhe tinha dito que era gay, nunca tínhamos falado sobre isso, mas ele vira-me mais que uma vez com homens, via as fotos que eu tinha no Facebook e não era parvo nenhum. Dois mais dois são quatro, um gajo que se dá maioritariamente com homens, a quem nunca se conheceu uma namorada, que vive com homens e que agora frequentava a piscina com um homem… é fácil fazer as contas. Nunca tinha feito nenhum comentário sobre o assunto quando nos encontrávamos nos jantares, nem nunca teve qualquer comportamento que me fizesse pensar que havia algum problema em relação a mim.

            O problema foi o Jaime, o meu namorado nessa altura. Não me dirigiu mais a palavra o resto da noite. Era um tipo super ciumento, super inseguro e extremamente possessivo que desconfiava de tudo e todos… a minha conversa tipo "com a verdade me enganas" resultara com o Miguel, mas não enganou o Jaime que percebeu perfeitamente o que tinha acontecido.

            Para abreviar esta parte da história, que não interessa, no fim-de-semana o Jaime foi para casa dos pais ainda amuado e eu fiquei sozinho, disponível para ir ao jantar de família dois dias depois da cena.

            Sentia-me irritado por o Jaime não atender as minhas chamadas e estava a perder a paciência para aquele número de ‘prima-donna violentada’. Quando o jantar terminou, depois de mais de uma hora em que de um lado só ouvia falar na crise do Sporting e do outro só ouvia falar no terceiro homem com que a vizinha do nº32 fora vista naquela semana, pedi licença e levantei-me para ir fumar um cigarro. Em vez disso enrolei um charro. Acabara de o acender quando o Miguel parou à minha frente.

            - Pões-te a andar e deixas-me sozinho!

            - Hoje não estou com paciência para eles!

            - Eu levo com isto todos os fins-de-semana! – respondeu sentando-se no muro ao meu lado e olhando-me para a mão – eu conheço esse cheiro!

            Encolhi os ombros e estendi-lho. Levantou-se outra vez e veio sentar-se do meu lado direito para ficar também tapado pelos arbustos que o pai dele plantara.

            - Se eles nos apanham! – deu uma passa, rindo-se com uma expressão de garoto traquinas que está a transgredir nas barbas dos pais

            - Por isso é que ainda dá mais pica! – foi a minha resposta sentindo-me tão satisfeito com a situação como ele parecia estar

            Durante uns minutos debatemos os prazeres das transgressões, deliciados por estarmos naquela situação, fumando um charro com os nossos pais a conversar alegremente a 15 metros de nós sem fazerem a menor ideia do que estava a acontecer. Foi divertido e excitante ao mesmo tempo, foi curioso como essa cumplicidade de fazer algo secreto e proibido nos aproximou.

            No fim-de-semana seguinte fizemos exatamente a mesma coisa e voltámos a gostar da situação, parecíamos dois garotos a fumar às escondidas (o que em teoria era verdade), soltando risadinhas palermas e adorando cada segundo. Essa noite foi a primeira vez que a conversa acabou em sexo e foi ele que começou.

            - Então ainda estás a por pomada na nódoa negra? – dissera a certa altura com um sorriso de gozo

            Cruzei os braços, fingindo ter ficado aborrecido.

            - Queres que te mande p’ó caralho, ou vais sozinho?

            - Eu tenho namorada, não preciso! – fora a sua resposta com o mesmo sorriso – tu é que te espalhaste a olhar para mim!

            - Já deves estar habituado, ou não?

            - Mais ou menos! – rira – estou habituado a que me façam propostas, até já as tive de alguns gajos, mas tu foste o primeiro a dar um trambolhão!

            Tive de me rir também.

            - Eu gosto de ser diferente!

            - Já vi que sim! E o teu amigo?

            - Está amuado!

            - Ainda? Dasss…

            - Ainda! – confirmei com expressão de vitima – e eu estou a ficar farto!

            - Isso sei bem o que é… a Maria também é bué de ciumenta, só foi uma vez ter comigo à piscina e quase que acabámos por causa disso... passou-se!

            A conversa seguiu para o ciúme e passáramos o resto da noite a cortar na casaca da Maria dele e do meu Jaime.

            Na semana seguinte não nos vimos. Foi aprovado o meu crédito para a nova casa e desapareci em combate com as mudanças e instalação na nova casa. Nunca falei com ele e não consegui ir jantar com eles porque estava exausto, mas fiz mais comentários no seu Facebook e notei que ele fez o mesmo comigo… a aproximação aumentara e estávamos a prestar mais atenção ao que o outro fazia.

            Depois passou mais outra semana em que o Jaime não me ligava, eu deixei de lhe ligar também, não estava para perder mais tempo com ele. Nessa semana também deu para reparar que o estado do Miguel mudou… deixou de estar numa relação para passar a solteiro.

            É isto que nos leva ao sábado passado e ao primeiro jantar que fiz na casa nova. Convidei-os... os meus pais, os pais do Miguel e claro, o Miguel.

            O jantar correu muito bem porque eu não sou mau cozinheiro e todos ficaram bem impressionados… depois dos descafeinados o meu pai e o senhor Fernando concentraram-se a debater as eleições no Sporting (pasme-se com a inovação do assunto), enquanto a minha mãe explicava à D. Elisa como era o segundo homem que vira chegar com a vizinha que era a vítima do costume. Eu e o Miguel fomo-nos instalar no sofá a ver televisão e a tentar ignorá-los.

            A certa altura fartei-me.

            - Vou fumar! – anunciei fazendo-lhe sinal 

            Ele sorriu, levantando-se atrás de mim. Fomos para a varanda das traseiras. Ele instalou-se num dos poufs enquanto eu fazia a ‘fininha’ para fumarmos. Acendi-a, dei umas passar e passei-lha.

            - Reparei que estás solteiro outra vez! – comentei para criar assunto

            - Fartei-me! – encolheu os ombros negligentemente

            - De certeza que não faltam candidatas ao lugar!

            - Eu é que não quero… agora quero umas férias… sexo e mais nada!

            - Duvido à mesma que te faltem candidatas!

            Ele riu-se.

            - Podes crer que não faltam!

            - E candidatos! – lancei para provocar

            - Também! – tornou a rir-se – e o teu… como é que el se chama?

            - Jaime? – terminei percebendo que se referia ao meu ex

            - Sim!

            - Acabámos!

            - Também? O que é que aconteceu?

            - Acreditas que foi por tua causa?

            - Minha?! – rapaz abriu os olhos de espanto

            - Ele também era muito ciumento e tinha ciúmes de toda a gente!

            - Tinha ciúmes de mim?

            A ideia pareceu diverti-lo.

            - Tinha… da nossa relação especial!

            - Nós temos uma relação especial?

            - Eu contei-lhe quem tu eras e expliquei-lhe que andei contigo ao colo!

            - E o que é que isso tem?

            - Ele achou que agora queria andar contigo ao colo outra vez!

            O rapaz soltou uma gargalhada.

            - E queres?

            Encolhi os ombros sem negar.

            - Sabes que as pessoas ciumentas são doentes… estou convencido disso, ele percebeu bem que eu tinha caído por ter ficado feito parvo a olhar para ti… daí a fazer logo um filme de terror foi um passo!

            - Ah sempre me estavas a mirar!

            - Pensei que já estivesses habituado!

            Encolheu os ombros, parecendo constrangido.

            - Eu não… não ligo muito a essas coisas!

            - Tu podes não ligar, mas isso não significa que as pessoas fiquem vidradas em ti… olha para mim e para o meu espalhanço!

            Tornou a rir-se.

            - Então é porque gostaste!

            - Ora Miguel… tens espelhos em casa, não? E deves estar farto de ouvir piropos… mesmo de homens!

            - Estou, mas nunca estive com nenhum!

            - Se algum dia pensares nisso… eu sou o primeiro da lista! – disse-lhe imediatamente – depois da vergonha que passei acho que mereço prioridade! Além disso, eu não sou nada ciumento!

            - Eu nem sei o que fazer com um! – disse, mordendo o lábio numa  tentativa de se manter sério

            - Também não precisas de te preocupar com isso… eu sei bem o que fazer!

            - Estás-te a atirar a mim? – perguntou baixando ainda mais o tom de voz

            - Só um bocadinho! – sorri provocador – tu estás sem ninguém, tal como eu, não custa nada tentar!

            - Então sempre queres andar comigo ao colo!? - era mais uma afirmação que uma pergunta

            - Não te digo que não… és giro, tens um belo corpo, se te puseres a jeito vais ver o que te acontece!

            - O que é que me fazias? - perguntou em tom de gozo

            - Abria-te as calças e nem queiras saber o resto!

            - Porquê?

            - Queres que te mostre?

            - Com eles lá dentro? - acenou para o interior da casa

            - Quanto maior a transgressão, mais adrenalina tenho… só a ideia me dá tusa…

            - Também a mim! – foi a sua resposta de olhos fixos em mim – mostra-me o que queres fazer!

            Pronto. Era o que eu queria ouvir. Aproximei-me dele e passei a mão lentamente na parte da frente das suas calças. A reação dele foi esticar-se para ficar quase na horizontal. Para mim isso foi um sinal de que não estava em stress. Agarrei-lhe o cinto e desapertei-lho, depois foi a vez dos botões das calças e abri-lhas. Meti a mão lá dentro e vi que não me mentira, estava bem duro. Usei as duas mãos para lhe puxar as calças e os boxers para baixo, apenas o suficiente para lhe sacar o sexo para fora; era tão bonito como o seu rosto e tão perfeito como o resto do seu corpo. Comecei a brincar com ele e gostei de o ver fincar os dedos no pouf e fechar os olhos, suspirando.

            - Já fizeste a única coisa que eu precisava que fizesses! – disse-lhe baixinho a sorrir

            - Que foi o quê?

            - Pô-lo duro!

            Ele abriu os olhos e encarou-me com um sorriso provocador.

            - Então agora és tu que tens de me mostrar o que fazes a um gajo!

            Apertei-lho com força e comecei a masturba-lo. Um minuto, dois. Ele tornou a fechar os olhos e estremecia com alguns dos meus toques, de vez em quando elevava o seu corpo contra a minha mão, inspirando fundo. Três minutos.

            Acende-se a luz da cozinha e ouve-se a voz da minha mãe.

            - Mas onde é que eles se meteram?

            Virei-me rapidamente, recuando para ficar sentado normalmente enquanto ele puxava as calças para cima e se endireitava também. Atirei-lhe uma almofada e comecei a acender um cigarro.

            - Estamos aqui fora, mãe! – disse

            Foi a mãe dele que apareceu à porta da cozinha. Ele já colocara a almofada à frente e estava abraçado a ela.

            - Mas o que é que vocês estão aqui a fazer ao frio?

            - Coisas que só dois homens é que podem fazer, D. Elisa! – respondi logo, tentando não me rir com a expressão de susto que o Miguel fez – não lhe conto porque não são coisas para os ouvidos de uma senhora!

            - Faço ideia! – resmungou ela encolhendo os ombros e reentrando em casa

            - Nós vamos levantar o resto da mesa! – foi a vez da minha mãe aparecer também a espreitar

            - Deixa-te estar quieta, mãezinha… eu faço isso depois de se irem embora, vai ver televisão!

            Assim que elas viraram as costas arranquei a almofada ao Miguel. Vi que o seu sexo ainda estava bastante duro e isso disse-me que ele sentia tão excitado com o risco cmo eu. agarrei-lhe o pulso, levantei-me e arrastei-o pela porta que dava para o escritório. Elas tinham deixado a luz da cozinha acesa. Fechei a porta que dava para a varanda, fui ao outro lado fechar a que dava para a casa e fui ter com ele.

            Estava parado no meio do escritório parecendo não saber o que fazer. Vi-o preparar-se para se abotoar, mas dei-lhe uma palmada na mão. Agarrei-lhe as calças e puxei-lhas até ao joelho, empurrando-o para cima da secretária.

            - És doido? – exclamou de olhos muito abertos

            - Estou com uma tusa louca… só sais daqui depois de gozares!

            Curvei-me sobre ele e abocanhei-lhe o pau, sorvendo-o com força. Senti-o hesitar um segundo, mas os seus dedos fincaram-se no meu cabelo puxando-me para si. Se o seu sexo recomeçara a crescer novamente, quando ouvimos o primeiro copo a tocar no balcão da cozinha ficou duro como pedra.

            - Ainda nos apanham! – disse baixinho

            Fiz uma pausa para fixar os seus olhos brilhantes.

            - Então vais gozar à frente deles porque eu agora só paro no fim!

            Ele estava tão doido como eu. Empurrou-me para me sentar na cadeira e colocou-se à minha frente, voltando a meter-se na minha boca e começando a mover-se depressa. Eu finquei uma mão no seu traseiro, puxando-o para mim, enquanto lhe agarrei o pau com a outra, para não o deixar entrar demais.

            Foi um delírio que eu nunca pensei sentir, foi extraordinário tê-lo a foder-me a boca ao mesmo tempo que ouvíamos as nossas mães a conversar na divisão ao lado enquanto tratavam da loiça.

            - Foda-se, meu, que tusa! – gemeu baixinho mais que uma vez enquanto os minutos passavam – que tusa… não aguento mais… não aguento…

            Tentou retirar-se, mas eu estava rebentar de tusa também, estava doido de prazer e nem pensei em mais nada, não o deixei sair.

            - Não aguento! – disse num tom que mostrava urgência – foda-se! – disse um segundo antes de eu sentir o primeiro jato na boca – foda-se, meu!

            Curvou-se sobre mim, apoiando o peito na minha cabeça enquanto se agarrava às costas da cadeira. Senti o segundo jato quente contra o céu da boca e o terceiro enquanto o seu corpo estremecia nas minhas mãos e ouvia um grunhido ao meu ouvido. Deixei de resistir e engoli, não queria fazer porcaria, nem sujá-lo, nem sujar-me a mim. Depois dele parar, chupei-o mais duas ou três vezes… ele reagiu contorcendo-se e soltando um novo grunhido que era mais um grito reprimido. Ficou um segundo a olhar-me estarrecido, como quem diz «eu não acredito que isto aconteceu». Eu limitei-me a sorrir.

            Ele pode vestir-se sem problemas, tinha o sexo tão limpo como quando começara, talvez até mais. Não percebi bem a expressão com que me olhou, mas ele acabou por esclarecer.

            - Nunca me tinha vindo na boca! – disse parecendo não saber bem o que pensar

            - Também foi a minha primeira vez… fi-lo porque foi contigo!

            - Foi o melhor broche da minha vida!

            - Tu gostas de mulheres! – sorri descaradamente – para competir tenho de ser melhor que elas!

            - Podes crer que foste, meu! – olhou-me parecendo impressionado

            Quando reaparecemos, tive de explicar que tinha ido mostrar a vista da varanda do meu quarto. Ninguém teve razão para duvidar e ninguém disse nada. Apesar de tudo senti o olhar do Miguel em mim o resto da noite. Quando se foram embora despediu-se normalmente, mas pareceu-me sentir um calor diferente no seu sorriso, mais intenso.

            Fiquei sem a menor dúvida de que ele gostara do que lhe fizera, mas não tive bem a certeza de que quisesse repetir. Tinha acabado de meter a máquina da louça a lavar quando recebi um SMS. Era ele.

            «violaste-me»

            Durante uns segundos fiquei sem saber como reagir, mas resolvi achar que não era uma acusação séria.

            «da próxima violas-me tu» - enviei

            «amanhã vem almoçar connosco»

            Sorri.

            «vou»

2 comentários:

  1. Muito fixe! Deu para imaginar as conversas, para ter uma ideia do Miguel, para apreciar a cumplicidade... Espero que escrevas mais. ;)

    ResponderEliminar
  2. Olá, acabo de ler o conto e está excelente! "Espero que escrevas mais"[2]

    ResponderEliminar