quinta-feira, 14 de março de 2013

O 'personal trainer' - conto gay - última parte



            Saí do trabalho a correr, quase não acreditava na vontade que tinha de ir para o ginásio. Sozinho há quase um ano, depois de uma relação complicada e que não terminara da melhor forma, era a primeira vez que eu me sentia realmente atraído por alguém. Conhecera bastantes pessoas durante esses meses… nunca fui do tipo ‘casto’, nem nunca tive grandes dificuldades em despertar o interesse num homem, mas o meu ‘personal trainer’ foi o primeiro que me deu vontade de conhecer melhor, senti-o desde que o vi no hall do centro comercial a distribuir os folhetos e me dirigiu o seu primeiro sorriso.

            Fugira mais cedo e desta vez não hesitei em entrar. Empurrei a porta com a mesma fúria da tarde anterior e sorri ao encontra-lo no mesmo sítio, atrás do balcão da receção, desta vez a falar com a rececionista. Não me sorriu imediatamente, como tinha feito, mas a sua expressão iluminou-se e o seu olhar intenso deixou-me ainda mais satisfeito que um sorriso. Aliás, o seu fantástico sorriso veio logo depois.

            - Boa tarde, Zé Maria… pronto para começar?

            - Não! – respondi categórico – primeiro vou-me sentar no bar a tomar um café e a relaxar um bocadinho, depois o Manel vai-me explicar o seu plano para mim e só então é que decido se fico ou fujo!

            - Não me parece do tipo de fugir! – interveio a rececionista, que para mim devia ser a relações públicas por ser ela a pessoa realmente simpática ali

            - Está nas mãos desse senhor! – apontei para o Manel, piscando-lhes o olho antes de entrar na sala dos aparelhos

            Mais cedo que nos dias anteriores, encontrei apenas duas senhoras a sair. Não vi mais ninguém. Descobrira a hora ideal para fazer ginástica ali. Fui direto ao balneário para ver se me despachava antes que chegasse alguém, assim poderia ter a atenção do ‘personal trainer’ só para mim.

            Estava apenas de boxers, ainda com as calças do fato de treino na mão, quando o Manel entrou. Sorriu-me normalmente, mas bem vi os seu olhar a percorrer-me o corpo… fê-lo disfarçadamente, ou tentou pelo menos, mas não foi o suficiente para que eu não percebesse que se tratava de um olhar de análise que era mais que um olhar profissional.

            Fingi não me ter apercebido de nada e falei com ele normalmente.

            - Estou quase pronto! – avisei – mas ainda me dói esta zona aqui…

            Passei a mão lentamente no abdómen e vi-o engolir em seco. Se tinha alguma dúvida relativamente ao seu interesse, a sua expressão dissipou-a.

            - Isso é normal! – respondeu meio atabalhoadamente – os abdominais que fez ontem servem para trabalhar essa área!

            - Pois claro, mas eu não vim cá para ter dores! – resmunguei vestindo as calças

            - Um bom corpo exige esforço! – foi o seu comentário

            - Eu não tenho exatamente um mau corpo! – fixei-o nos olhos achando que estava a gozar comigo

            - Não! – disse imediatamente num tom de voz  que que era de simples constatação e não deixou duvidas à sua sinceridade – pelo contrário!

            - Nunca andei no ginásio porque não é muito o meu estilo, mas corro todos os dias, ando de bicicleta e gosto de andar a pé… faço caminhadas quase todos os fins-de-semana!

            - Isso é ótimo! Quase que não precisava de vir ao ginásio! – sorriu simpaticamente

            - Vim porque já andava a pensar nisso quando o encontrei a distribuir os folhetos… gostei de si e isso fez-me decidir! – sorri ao vê-lo corar perante o meu olhar intenso e as minhas palavras

            - Ainda bem que veio! – acabou por dizer depois de um segundo de hesitação

            Gostei do que ouvi. As suas palavras e a sua expressão fez com que as horas de esforço dos dias anteriores tivessem valido a pena.

            - Enquanto me continuares a tratar bem, vou continuar a vir!

            Ele corou mais ainda… desta vez desviou os olhos sem me conseguir encarar… talvez por o ter tratado por ‘tu’, talvez por… o que eu sei é que tive vontade de o agarrar e o beijar ali mesmo.

            Acho que se apercebeu da minha expressão de desejo porque falou quase num murmúrio.

            - Este é o meu local de trabalho! – disse num tom que era quase de súplica

            - Eu sei isso muito bem! Então vamos trabalhar…

            Sorri, contornando-o para sair do balneário para a sala dos aparelhos. Instalei-me na bicicleta esperando por ele. Apareceu pouco depois, ainda um pouco… 'sem jeito', como dizem os brasileiros. Durante todo o tempo em que pedalei estive a ouvi-lo atentamente sobre os exercícios que tinha de fazer, os aparelhos que tinha de usar e os efeitos que teriam nas diferentes partes do meu corpo.

            - Alguma pergunta? – sorriu-me no final, parecendo já mais descansado por eu o ter poupado a comentários mais ariscos

            - Queres tomar café comigo quando saíres?

            O tipo abriu os olhos de espanto… bastou um segundo para ficar cor de tomate… atrapalhou-se, hesitou, mas acabou por responder.

            - Eu só saio às 11! – disse com alguma insegurança

            Por um momento achei que tinha sido rápido demais e o tinha perdido.

            - Isso é um sim ou um não? - perguntei confuso

            - É que eu tenho de tomar duche antes de sair e depois comer qualquer coisa, nunca fico pronto antes da meia noite!

            - E se eu te oferecer a ceia?

            - És sempre assim tão direto? – a sua surpresa parecia genuína

            - E persistente, mas só quando quero alguma coisa…

            - Eu gosto disso! – voltou a sorrir timidamente – e queres que vá cear contigo?

            - Convidei, não foi? Nunca tive muita paciência para rodeios!

            - Já vi que não!

            - Aceitas ou não?

            - Onde?

            - Se eu puder escolher… em minha casa… se não puder… qualquer sítio me serve…

            - E levas um desconhecido para tua casa?

            Tive de me rir, não estava habituado a que os tipos da sua idade levantassem aquele assunto, geralmente era o contrário, era eu que lhes tinha de por um travão.

            - Não és exatamente um desconhecido… sei onde te encontrar! – ri fazendo um compasso de espera como se me tivesse lembrado daquilo no momento – ou és tu que tens medo que te amarre e te viole quando te apanhar lá? – fiz a pergunta fixando-o nos olhos com um sorriso provocador

            - Não tenho medo de ser amarrado! – a sua resposta acompanhou um sorriso que me deu vontade de o agarrar ali mesmo – também tenho os meus fetiches…

            Mordi o lábio sentindo o coração aos saltos.

            - Ah sim? – tentei parecer o mais calmo possível – e entre eles encontra-se o de ser amarrado?

            Encolheu os ombros negligentemente.

            - Gosto de um homem que sabe o que quer!

            - Ótimo… eu quero que vás cear comigo e quero-te a tocar-me à campainha até às onze e meia!

            - Está combinado!

 
            É evidente que não pensei em mais nada durante o resto da tarde e metade da noite. Saído do ginásio, fui ao supermercado comprar as coisas básicas… pão, queijos, enchidos, patés… queria uma coisa requintada, a verdade é esta, queria impressionar e diabos me levassem se não conseguisse. Não me lembrava se tinha preservativos suficientes, mas não estava disposto a arriscar, a coisa podia correr bem ou não, mas acontecesse o que acontecesse, não seria apanhado desprevenido. Durante todo o tempo que andei nas compras só pensava no movimento que ele fizera quando me mostrara como fazer elevações na barra. Esse movimento fizera com que a sua t-shirt subisse e pude ter um vislumbre da sua barriga, com os músculos perfeitamente delineados e uma deliciosa camada de pelos a desaparecer dentro das calças.

            A expetativa é grande quando se fazem bons planos, mais ainda quando quem vamos receber é super atraente… perguntei-me se ele estaria tão nervoso como eu. Tinha tudo pronto e os nervos em franja. 11h10 e começou a chover… melhor ainda, com um bocado de sorte chegava encharcado e teria de lhe tirar a roupa para secar. Nova vista de olhos pela sala… eu ficaria impressionado se fosse recebido assim… a mesa de café perto do calor da salamandra, a sala apenas iluminada por velas e um candeeiro de luz fraca, as almofadas no chão em volta da mesinha… para mim estava perfeito. Com a minha sorte o tipo era um carroceiro e não ia querer comer no chão.

            Toca o telefone. Corrida para a cozinha. O número era identificado, mas não estava na lista.

            - Sim!?

            - Tão sério! – ouvi antes duma gargalhada – é o Manel… só consegui sair agora e está a chover imenso!

            Olhei para o relógio… 23h17.

            - Ainda tens 13 minutos, é mais que suficiente para não chegares atrasado, nem precisas vir a correr!

            - Mas vou chegar encharcado, não ficas chateado? – disse – é que estou de mota!

            - Então vou-me preparar para isso! – sorri com o coração a bater e a pensar que, se calhar Deus existia mesmo – só fico chateado se não vieres… ainda tens 12 minutos!

            - As horas são assim tão importantes? – ouvi-o rir-se outra vez – o que é que acontece se eu me atrasar?

            - Vais-me dar o trabalho de ter de pensar num castigo! Preferia que chegasses a horas!

            - Eu tenho muita fome, vou ter de me atrasar numa próxima vez, se houver! Até já!

            - Melhor assim!

            Ao desligar o telefone quase tive vontade de pular… senti que estava com a libido completamente descontrolada. Os pratos no balcão estavam prontos, pude leva-los rapidamente para a sala. Música… clássica? Era uma boa opção… Vivaldi nunca nos deixa ficar mal nestas circunstâncias, ainda por cima estava a chover... mas podia ser demais… Madredeus? Sim, toda a gente gosta de Madredeus.

            A campainha da porta tocou. Carreguei no play e fui abrir… era ele. 23h30. Pontual. Destranquei a porta da rua e corri por o robe na casa de banho. Peguei numa toalha de rosto e fui para a entrada.

            Saiu do elevador com o capacete numa mão e sacudia o casaco de cabedal com a outra… as calças de ganga estavam encharcadas. A sua expressão fazia pena, mas depois o seu olhar percorreu-me da cabeça aos pés. Gostei.

            - Esqueci-me de trazer o fato da chuva! – desculpou-se – tirei o capacete para veres que era eu e foi o suficiente… está a chover torrencialmente… olá!

            Estendeu-me a mão e a sua cara era digna de se ver quando, em vez de lha apertar, lhe estendi a toalha. Ele agarrou-a sem saber o que mais fazer.

            - Esse avental fica-te bem! – continuou sem saber o que dizer

            - Dá-me o casaco e o capacete! – disse-lhe num esforço enorme para não me rir – em frente fica a casa de banho… tens lá um robe para poderes tirar essa roupa molhada!

            - Queres-me nu? – a sua voz e toda a sua face acusaram a surpresa

            - Se te quisesse nu, não te tinha oferecido o robe, pois não? Convidei-te para cear, não quero ser responsável por apanhares uma pneumonia!

            Pisquei-lhe o olho e virei-lhe as costas, entrando na cozinha. O casaco e o capacete foram para uma cadeira… vi a fruta... faltavam as uvas… tinha de me esquecer sempre alguma coisa.

            - Assim estou muito melhor!

            Ao ouvi-lo ao meu lado virei-me a sorrir, mas o sorriso morreu-me nos lábios e quase abri a boca de espanto. Tenho uma vaga ideia dele ter dito qualquer coisa sobre deixar as calças no lavatório para secarem, mas com o robe vestido pude ver a parte de cima do seu peito coberta de pelos alourados que estavam a crescer depois de terem sido rapados. Estremeci perante a visão sem conseguir pensar no que quer que fosse.

            - Estás mais quente, não? – consegui finalmente dizer

            - Bem mais! – sorriu percebendo perfeitamente o efeito que tivera em mim – uvas, boa!

            - Gostas? – arranquei uma e levei-lha à boca

            - Muito! – disse curvando-se para a aceitar, sorrindo

            - São de Palmela e não têm grainhas… costumam ser muito boas!

            - São óptimas! – exclamou surpreendido

            Dei-lhe outra e ele voltou a aceita-la… desta vez envolveu-me os dedos com os lábios num… enfim, numa cena que me fez perder a cabeça... uma pessoa tenta controlar-se, mas há coisas que são demais… um homem não é de ferro.

            Agarrei-lhe os pulsos e pressionei-o contra o balcão, colando os meus lábios aos seus. Ele estremeceu sentindo as mãos presas atrás das costas, arfou, mas não me tentou resistir, abriu a boca para deixar a minha língua invadir-lha e correspondeu ao meu beijo com o mesmo ardor que eu sentia.

            Quando parámos, os seus olhos brilhavam. Deviam estar com a mesma intensidade dos meus.

            - É agora que me vais amarrar? – perguntou docemente

            - Bem… tu não estás propriamente a resistir! – sorri provocador

            - Era suposto resistir? – olhou-me intensamente

            - Eu até prefiro que não resistas!

            Beijei-lhe os lábios suavemente. Estavam doces, sabiam a uva.

            - Tu desconcentras-me! – disse

            - Ah sim? - fingi-me surpreendido

            - Ora és doce, ora és bruto… deixas-me a sorrir e depois…

            Mordi-lhe o lábio suavemente, desapertando o cinto do robe e abrindo-lho.

            - Sabes que eu sou como a sopa dos chineses…. sou agridoce…

            Ele riu-se da piada e sem o mínimo gesto de resistência quando as minhas mãos lhe percorreram o peito suavemente.

            - Assim posso ficar descansado que não vou ser violado! – foi a vez dele sorrir provocadoramente

            O meu olhar tinha descido rapidamente do seu delicioso peito para se fixar no sexo duro apontado para mim.

            - Sabes que o propósito da violação é abusar de uma pessoa que não quer cooperar! – disse em tom professoral – portanto só há violação quando a pessoa não está excitada sexualmente!

            Levei a mão ao seu sexo duro, massajando-lho suavemente e fazendo-o estremecer com o contacto.

            - Eu estou muito excitado! – admitiu num gemido

            - O que significa que eu não te consigo violar… e parece-me que nem te preciso amarrar! – murmurei-lhe ao ouvido antes de uma dentadinha – acho até que nem preciso pedir!

            Senti as suas mãos dentro da minha camisola. Foi a minha vez de estremecer.

            - Tu não és do tipo que precisa de pedir, pois não? – ouvi

            - Não costuma ser preciso! – respondi – queres que te peça?

            - Não! – gemeu quando lhe mordi o mamilo que tinha um piercing

            Senti-o a puxar-me a camisola e ergui os braços para que ma tirasse. Ele atirou-a para cima da mesa e senti imediatamente as suas mãos no cinto das minhas calças. Caíram-me pelo corpo enquanto o vi deslisar à minha frente para se ajoelhar. Fechei os olhos, agarrei-me ao lava-louças e inspirei fundo no momento em que senti a sua boca quente a envolver-me. Fiquei quieto durante uns minutos, apenas gozando a sensação da sua boca húmida à minha volta. Só algum tempo depois consegui olhar para baixo, para a fantástica visão daquele homem de joelhos à minha frente e do meu sexo a mover-se entre os seus lábios.

            Ele sabia o que fazia, mas eu queria mais.

            Fi-lo levantar-se para o tornar a beijar e durante esse beijo empurrei-o contra a mesa da cozinha. Ele sentou-se nela a sorrir.

            - É agora que me vais violar?

            - Não aguento mais… quero estar dentro de ti!

            Vi o saco das compras ainda em cima da mesa e nem precisei afastar-me… abri a caixa dos preservativos e a do lubrificante. Menos de um minuto depois forçava a entrada e senti-o abrir-se para mim. Foi delicioso sentir as suas pernas peludas apoiadas nos meus ombros, ver a sua expressão de desejo e os seus olhos brilhantes enquanto me movia dentro dele… vê-lo gemer e contorcer-se quando lhe apertava os mamilos, sentir as suas mãos a puxarem-me para si… finalmente perdi o controlo e explodi segundos antes dele fazer o mesmo, lançando jactos de liquido contra o seu peito.

            Deixei-me cair sobre ele, arfando… ouvia-se apenas a nossa respiração ofegante e sentia-se apenas o cheiro de sexo inundando o ar.


            Mais tarde, sentados no chão nas almofadas, encostados ao sofá a preguiçar depois da ceia, com os robes abertos para que os nossos corpos pudessem tocar um no outro… sentia-me bem com a vida.

            - Isto foi quase perfeito! – ouvi a certa altura

            Olhei-o surpreendido por ter sido arrancado aos meus pensamentos.

            - Quase? – franzi o sobrolho depois de ter processado a informação

            Ele atrapalhou-se com a minha expressão.

            - Tu… gostas de ser tu a… gostas de ser tu a mandar, não é?

            - Gosto de ser eu a mandar? – confesso que a sua hesitação não me permitiu entender imediatamente o que ele queria dizer

            - És um bocado dominador…

            - Sou um bocadinho, às vezes! – admiti temendo o que aí vinha – achas que fui demais ou de menos?

            - Não é isso, eu gosto! – apressou-se a dizer – é que…

            - Desembucha que uma vez, Manel! – disse secamente… não suporto hesitações e preferia a noticia dita de chofre

            Ele estremeceu.

            - És só ativo? – perguntou reagindo imediatamente ao meu tom de voz

            - Porquê? É assim tão importante?

            - Não! Só um bocadinho… quer dizer, eu adorei estar contigo e gostei muito quando me… foi muito melhor do que eu estava à espera…

            Apertei-lhe um mamilo com toda a força. Ele deu um salto e soltou um grito abafado, contorcendo-se.

            - Quer dizer que passo a ideia que não presto na cama…

            - Não! Nada disso… nada disso mesmo, mas ainda foi melhor do que eu estava à espera!

            - Ah bom! – sorri curvando-me sobre ele e beijando-lhe o mamilo

            - Gostei mesmo de estar contigo! – alegrou-se momentaneamente com a minha expressão, mas o seu rosto voltou a ensombrar-se – mas é que eu também gosto de…

            - Ah gostas, é? – nem queria acreditar como o tipo era perfeito para mim

            - Tu não gostas? – vi-o tenso

            - Vais ter de voltar para descobrir!

            - Já é tarde, não é? Queres que me vá embora?

            - Estava a pensar convidar-te para ficares comigo hoje! – disse-lhe – a chuva ainda não parou!

            - Queres que fique?

            - Que mania que tens de perguntar aquilo que acabei de te dizer!

            - Desculpa! – disse logo virando-se para me beijar – se quiseres que fique…

            - Já pagaste a ceia com o corpo, mas vais ter de pagar a estadia também!

            Ele virou-se para se sentar no meu colo.

            - És pior que o governo, sempre a sacar! – acusou a rir

            - Podes sempre mandar um email ao Gaspar… pode ser que o ministro aceite que lhe pagues os impostos com o corpo!

            - Está-se mesmo a ver! – revirou os olhos fazendo-me sorrir

            Passei as mãos pelo seu peito lentamente.

            - Vais-me excitar outra vez! – preveniu-me

            - Isso é um aviso ou um pedido? – provoquei

            - É as duas coisas!

            Apertei-lhe as nádegas com força e puxei-o para mim, para se erguer e ficar ajoelhado à minha frente. O seu sexo já estava a crescer, mas ainda não estava duro, consegui agarra-lo e faze-lo desaparecer completamente na minha boca. O Manel soltou um gemido, entrelaçando os dedos no meu cabelo. Um minuto depois já não era possível repetir a proeza… o seu pau era maior que o meu e tinha um tamanho acima da media, já apanhara maior, mas geralmente eram menores… estava rijo como pedra e eu não conseguia engolir sequer metade. Compensei em fervor, sorvendo-o com vontade. Ele estremecia quando eu mudava os movimentos, gemia cada vez que eu descobria algo que ele gostava.

            - Não aguento muito mais! – avisou ao fim de uns minutos

            Parei imediatamente, empurrando-o suavemente para trás.

            - Aguentas sim! – contrariei

            - Não me deixas vir? – perguntou confuso

            - Deixo! – sorri provocador – mas vens-te quando eu permitir!

            Levantei-me e puxei-o para me seguir. Arrastei-o para o quarto e beijei-o enquanto lhe tirava o robe. Empurrei-o para cima da cama sem afastar o édredon… o que eu tinha planeado não podia ser feito dentro dos lençóis. Tirei o cinto do seu robe e envolvi-lhe os pulsos com ele. Eram duas da manhã. Ele estava de olhos muito abertos, em expectativa, mas deixou-se amarrar à cama. Depois disso tirei o cinto do meu robe e fiz o mesmo com as suas pernas. Senti sempre o seu olhar intenso a seguir-me os movimentos, mas não abriu a boca senão quando me deitei em cima dele e percorri o seu peito com a ponta da língua… só nessa altura soltou um gemido. Continuava tão duro como antes… o ser amarrado não tivera o mínimo efeito.

            - Podes-te vir agora! – fixei-o nos olhos

            Os dele quase lhe saltaram da órbita, estupefacto.

            - Agora não consigo! – exclamou como se eu fosse doido

            Soltei uma gargalhada… adorava deixa-lo assim.

            - Vou ter de te ajudar, não é? – sorri-lhe, roçando-me no seu corpo lentamente – já vi que tenho de ser eu a fazer tudo…

            - Desamarra-me que eu mostro-te! – agitou-se, frustrado, tentando libertar-se

            - Não sejas rebelde! – mordi-lhe o lábio – se eu não quisesse faze-lo não te tinha amarrado, pois não?

            As três velas que estavam acesas no quarto lançavam um odor delicioso e proporcionavam a iluminação perfeita… havia penumbra, mas via-se tudo perfeitamente. Ele não desviava os olhos de cada um dos meus movimentos. Viu-me pegar numa garrafa que tinha na mesa-de-cabeceira e deitar um pouco de líquido no pequeno cálice… daí espalhei-lho pelo peito lentamente. Senti-o agitar-se debaixo de mim enquanto lhe voltava a percorrer o tronco másculo com a língua. O tom dos seus gemidos aumentava a cada minuto que passava.

            - Ai, meu… dás cabo de mim! – arfava

            Agarrara-se à cama e a força que fazia deixava-me louco também por ver os seus músculos completamente duros… pareciam pedra.

            O resto do licor de café foi para o seu sexo. Segurei-lho deitando o que restava no cálice. Depois mergulhei sobre ele e engoli tanto quanto aguentei. Ele soltou um grito abafado.

            - Tenho de te amordaçar também? – fixei nos olhos

            Vi-o cerrar os dentes e abanar a cabeça.

            Voltei a chupar… usei-o como um sorvete, sorvi-o como um gelado e admirei o esforço que fez para se manter em silêncio. Contorcia-se, arfava, mas os gemidos que não conseguia controlar eram abafados… e sentidos.

            Quando já não sentia o licor, coloquei-lhe um preservativo, enchi-o de lubrificante e sentei-me sobre ele. Os seus músculos quase que explodiam com a força que fez agarrado à cama quando se sentiu a invadir-me. Fi-lo entrar lentamente, faseadamente… cada vez que avançava mais um pouco ele soltava um gemido. Não consegui recebe-lo todo, mas não faltou muito. Esperei um momento para relaxar e comecei a mover-me lentamente, conseguindo ainda mais um pouco de penetração. Ele tentou a abrir as pernas, mas não podia, queria levantar-se e agarrar-me, mas estava preso… houve um momento em que quase achei que ia enlouquecer, soltou um grunhido como eu nunca tinha ouvido.

            - Solta-me! – pediu – deixa-me…

            - Não! – interrompi sem conseguir reprimir um sorriso de vitória… ele estava no ponto

            - Por favor! – foi quase uma súplica

            - Não! – repeti apertando-lhe os mamilos

            Vi-o virar a cabeça para morder o pulso e não fazer barulho. Comecei a cavalga-lo… a cama ressentiu-se.

            - Vamos acordar os vizinhos! – disse ele

            - Queres que pare?

            - Não!

            Sorri sem lhe explicar que o apartamento de baixo pertencia a um emigrante e estava desabitado. Voltei a mover-me, alternando entre cavalga-lo e ficar quieto, testando a minha capacidade de encaixe… nesse momento em que parava quase completamente e em que apenas me agitava ligeiramente em movimentos rotativos, era quando ele se agarrava à cama com toda a força e todo o seu corpo parecia esculpido em pedra.

            - Foda-se, meu… eu assim não aguento muito mais! – gemeu algum tempo depois, num dos momentos em que parei e me demorei mais nos movimentos lentos

            - Não faz mal… agora sim, podes deixar de resistir!

            Continuei com os movimentos rotativos, quase sem me mover e o efeito foi quase imediato… vi-o tornar-se vermelho que nem um tomate e cerrar os dentes soltando um grito abafado quando perdeu o controlo… fez pressão sobre mim, erguendo-se nuns espasmos que me fizeram ter a certeza do que estava a acontecer. Pouco depois eu inundava-lhe o peito com fortes jactos, tão excitado como ele estivera.

            Quando me retirei de cima dele foi um alívio. Usei o robe turco para lhe limpar o peito e tirei-lhe o preservativo, sorrindo com o seu ar atento e o brilho que tinha nos olhos.

            - Soltas-me agora? – perguntou suavemente

            - Agora sim! – sorri

            Libertei-lhe os pés e depois os pulsos. Curiosamente não ficara com marcas, mas também agarrara-se às traves da cama, não puxara pelos pulsos.

            Assim que se sentiu livre, levou a mãos à minha face e puxou-me para ele para me dar um beijo que me surpreendeu pelo ardor… aquilo foi novidade para mim e completamente inesperado.

            - Nunca tinha sentido nada assim…

            - Foi muito mau?

            - Estás a gozar! – exclamou como se eu tivesse dito um imenso disparate – esta queca vai direta para o meu top 5!

            - Menos mal! – tentei não demonstrar, mas o meu coração bateu de prazer… ou ele era um excelente ator, ou estava dizer a verdade

             Já dentro dos lençóis, com o meu corpo encaixado no dele… quente, cansado, sonolento, deliciado com o som da chuva a bater violentamente nos estores… senti-me bem.

            - Amanhã posso vir ter contigo? – ouvi um murmúrio no meu ouvido

            Senti a minha face abrir-se num sorriso.

            - A partir das 11h30 não te atento a campainha!

            - E se eu me atrasar?

            - Tu não te vais querer atrasar, pois não?

            - Não!

Adormeci com um sorriso nos lábios.


 

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