Saí
do trabalho a correr, quase não acreditava na vontade que tinha de ir para o
ginásio. Sozinho há quase um ano, depois de uma relação complicada e que não
terminara da melhor forma, era a primeira vez que eu me sentia realmente
atraído por alguém. Conhecera bastantes pessoas durante esses meses… nunca fui
do tipo ‘casto’, nem nunca tive grandes dificuldades em despertar o interesse
num homem, mas o meu ‘personal trainer’ foi o primeiro que me deu vontade de
conhecer melhor, senti-o desde que o vi no hall do centro comercial a
distribuir os folhetos e me dirigiu o seu primeiro sorriso.
Fugira
mais cedo e desta vez não hesitei em entrar. Empurrei a porta com a mesma fúria
da tarde anterior e sorri ao encontra-lo no mesmo sítio, atrás do balcão da
receção, desta vez a falar com a rececionista. Não me sorriu imediatamente,
como tinha feito, mas a sua expressão iluminou-se e o seu olhar intenso
deixou-me ainda mais satisfeito que um sorriso. Aliás, o seu fantástico sorriso
veio logo depois.
-
Boa tarde, Zé Maria… pronto para começar?
-
Não! – respondi categórico – primeiro vou-me sentar no bar a tomar um café e a
relaxar um bocadinho, depois o Manel vai-me explicar o seu plano para mim e só
então é que decido se fico ou fujo!
-
Não me parece do tipo de fugir! – interveio a rececionista, que para mim devia
ser a relações públicas por ser ela a pessoa realmente simpática ali
-
Está nas mãos desse senhor! – apontei para o Manel, piscando-lhes o olho antes
de entrar na sala dos aparelhos
Mais
cedo que nos dias anteriores, encontrei apenas duas senhoras a sair. Não vi mais
ninguém. Descobrira a hora ideal para fazer ginástica ali. Fui direto ao
balneário para ver se me despachava antes que chegasse alguém, assim poderia
ter a atenção do ‘personal trainer’ só para mim.
Estava
apenas de boxers, ainda com as calças do fato de treino na mão, quando o Manel entrou.
Sorriu-me normalmente, mas bem vi os seu olhar a percorrer-me o corpo… fê-lo
disfarçadamente, ou tentou pelo menos, mas não foi o suficiente para que eu não
percebesse que se tratava de um olhar de análise que era mais que um olhar
profissional.
Fingi
não me ter apercebido de nada e falei com ele normalmente.
-
Estou quase pronto! – avisei – mas ainda me dói esta zona aqui…
Passei
a mão lentamente no abdómen e vi-o engolir em seco. Se tinha alguma dúvida
relativamente ao seu interesse, a sua expressão dissipou-a.
-
Isso é normal! – respondeu meio atabalhoadamente – os abdominais que fez ontem
servem para trabalhar essa área!
-
Pois claro, mas eu não vim cá para ter dores! – resmunguei vestindo as calças
-
Um bom corpo exige esforço! – foi o seu comentário
-
Eu não tenho exatamente um mau corpo! – fixei-o nos olhos achando que estava a
gozar comigo
-
Não! – disse imediatamente num tom de voz que que era de simples
constatação e não deixou duvidas à sua sinceridade – pelo contrário!
-
Nunca andei no ginásio porque não é muito o meu estilo, mas corro todos os
dias, ando de bicicleta e gosto de andar a pé… faço caminhadas quase todos os
fins-de-semana!
-
Isso é ótimo! Quase que não precisava de vir ao ginásio! – sorriu
simpaticamente
-
Vim porque já andava a pensar nisso quando o encontrei a distribuir os folhetos…
gostei de si e isso fez-me decidir! – sorri ao vê-lo corar perante o meu olhar
intenso e as minhas palavras
-
Ainda bem que veio! – acabou por dizer depois de um segundo de hesitação
Gostei
do que ouvi. As suas palavras e a sua expressão fez com que as horas de esforço
dos dias anteriores tivessem valido a pena.
-
Enquanto me continuares a tratar bem, vou continuar a vir!
Ele
corou mais ainda… desta vez desviou os olhos sem me conseguir encarar… talvez
por o ter tratado por ‘tu’, talvez por… o que eu sei é que tive vontade de o
agarrar e o beijar ali mesmo.
Acho
que se apercebeu da minha expressão de desejo porque falou quase num murmúrio.
-
Este é o meu local de trabalho! – disse num tom que era quase de súplica
-
Eu sei isso muito bem! Então vamos trabalhar…
Sorri,
contornando-o para sair do balneário para a sala dos aparelhos. Instalei-me na
bicicleta esperando por ele. Apareceu pouco depois, ainda um pouco… 'sem jeito',
como dizem os brasileiros. Durante todo o tempo em que pedalei estive a ouvi-lo
atentamente sobre os exercícios que tinha de fazer, os aparelhos que tinha de
usar e os efeitos que teriam nas diferentes partes do meu corpo.
-
Alguma pergunta? – sorriu-me no final, parecendo já mais descansado por eu o
ter poupado a comentários mais ariscos
-
Queres tomar café comigo quando saíres?
O
tipo abriu os olhos de espanto… bastou um segundo para ficar cor de tomate… atrapalhou-se,
hesitou, mas acabou por responder.
-
Eu só saio às 11! – disse com alguma insegurança
Por
um momento achei que tinha sido rápido demais e o tinha perdido.
-
Isso é um sim ou um não? - perguntei confuso
-
É que eu tenho de tomar duche antes de sair e depois comer qualquer coisa, nunca
fico pronto antes da meia noite!
-
E se eu te oferecer a ceia?
-
És sempre assim tão direto? – a sua surpresa parecia genuína
-
E persistente, mas só quando quero alguma coisa…
-
Eu gosto disso! – voltou a sorrir timidamente – e queres que vá cear contigo?
-
Convidei, não foi? Nunca tive muita paciência para rodeios!
-
Já vi que não!
-
Aceitas ou não?
-
Onde?
-
Se eu puder escolher… em minha casa… se não puder… qualquer sítio me serve…
-
E levas um desconhecido para tua casa?
Tive
de me rir, não estava habituado a que os tipos da sua idade levantassem aquele
assunto, geralmente era o contrário, era eu que lhes tinha de por um travão.
-
Não és exatamente um desconhecido… sei onde te encontrar! – ri fazendo um
compasso de espera como se me tivesse lembrado daquilo no momento – ou és tu
que tens medo que te amarre e te viole quando te apanhar lá? – fiz a pergunta fixando-o nos olhos
com um sorriso provocador
-
Não tenho medo de ser amarrado! – a sua resposta acompanhou um sorriso que me
deu vontade de o agarrar ali mesmo – também tenho os meus fetiches…
Mordi
o lábio sentindo o coração aos saltos.
-
Ah sim? – tentei parecer o mais calmo possível – e entre eles encontra-se o de ser
amarrado?
Encolheu
os ombros negligentemente.
-
Gosto de um homem que sabe o que quer!
-
Ótimo… eu quero que vás cear comigo e quero-te a tocar-me à campainha até às onze
e meia!
-
Está combinado!
É
evidente que não pensei em mais nada durante o resto da tarde e metade da
noite. Saído do ginásio, fui ao supermercado comprar as coisas básicas… pão,
queijos, enchidos, patés… queria uma coisa requintada, a verdade é esta, queria
impressionar e diabos me levassem se não conseguisse. Não me lembrava se tinha
preservativos suficientes, mas não estava disposto a arriscar, a coisa podia
correr bem ou não, mas acontecesse o que acontecesse, não seria apanhado
desprevenido. Durante todo o tempo que andei nas compras só pensava no
movimento que ele fizera quando me mostrara como fazer elevações na barra. Esse
movimento fizera com que a sua t-shirt subisse e pude ter um vislumbre da sua
barriga, com os músculos perfeitamente delineados e uma deliciosa camada de pelos
a desaparecer dentro das calças.
A
expetativa é grande quando se fazem bons planos, mais ainda quando quem vamos
receber é super atraente… perguntei-me se ele estaria tão nervoso como eu.
Tinha tudo pronto e os nervos em franja. 11h10 e começou a chover… melhor
ainda, com um bocado de sorte chegava encharcado e teria de lhe tirar a roupa
para secar. Nova vista de olhos pela sala… eu ficaria impressionado se fosse
recebido assim… a mesa de café perto do calor da salamandra, a sala apenas
iluminada por velas e um candeeiro de luz fraca, as almofadas no chão em volta
da mesinha… para mim estava perfeito. Com a minha sorte o tipo era um
carroceiro e não ia querer comer no chão.
Toca
o telefone. Corrida para a cozinha. O número era identificado, mas não estava
na lista.
-
Sim!?
-
Tão sério! – ouvi antes duma gargalhada – é o Manel… só consegui sair agora e está
a chover imenso!
Olhei
para o relógio… 23h17.
-
Ainda tens 13 minutos, é mais que suficiente para não chegares atrasado, nem
precisas vir a correr!
-
Mas vou chegar encharcado, não ficas chateado? – disse – é que estou de mota!
-
Então vou-me preparar para isso! – sorri com o coração a bater e a pensar que, se calhar Deus existia mesmo – só fico
chateado se não vieres… ainda tens 12 minutos!
-
As horas são assim tão importantes? – ouvi-o rir-se outra vez – o que é que
acontece se eu me atrasar?
-
Vais-me dar o trabalho de ter de pensar num castigo! Preferia que chegasses a
horas!
-
Eu tenho muita fome, vou ter de me atrasar numa próxima vez, se houver! Até já!
-
Melhor assim!
Ao
desligar o telefone quase tive vontade de pular… senti que estava com a libido
completamente descontrolada. Os pratos no balcão estavam prontos, pude leva-los
rapidamente para a sala. Música… clássica? Era uma boa opção… Vivaldi nunca nos
deixa ficar mal nestas circunstâncias, ainda por cima estava a chover... mas podia ser demais… Madredeus? Sim,
toda a gente gosta de Madredeus.
A
campainha da porta tocou. Carreguei no play e fui abrir… era ele. 23h30. Pontual. Destranquei
a porta da rua e corri por o robe na casa de banho. Peguei numa toalha de rosto
e fui para a entrada.
Saiu
do elevador com o capacete numa mão e sacudia o casaco de cabedal com a outra…
as calças de ganga estavam encharcadas. A sua expressão fazia pena, mas depois o seu
olhar percorreu-me da cabeça aos pés. Gostei.
-
Esqueci-me de trazer o fato da chuva! – desculpou-se – tirei o capacete para
veres que era eu e foi o suficiente… está a chover torrencialmente… olá!
Estendeu-me
a mão e a sua cara era digna de se ver quando, em vez de lha apertar, lhe
estendi a toalha. Ele agarrou-a sem saber o que mais fazer.
-
Esse avental fica-te bem! – continuou sem saber o que dizer
-
Dá-me o casaco e o capacete! – disse-lhe num esforço enorme para não me rir –
em frente fica a casa de banho… tens lá um robe para poderes tirar essa roupa
molhada!
-
Queres-me nu? – a sua voz e toda a sua face acusaram a surpresa
-
Se te quisesse nu, não te tinha oferecido o robe, pois não? Convidei-te para
cear, não quero ser responsável por apanhares uma pneumonia!
Pisquei-lhe
o olho e virei-lhe as costas, entrando na cozinha. O casaco e o capacete foram
para uma cadeira… vi a fruta... faltavam as uvas… tinha de me esquecer sempre alguma coisa.
-
Assim estou muito melhor!
Ao
ouvi-lo ao meu lado virei-me a sorrir, mas o sorriso morreu-me nos lábios e
quase abri a boca de espanto. Tenho uma vaga ideia dele ter dito qualquer coisa
sobre deixar as calças no lavatório para secarem, mas com o robe vestido pude
ver a parte de cima do seu peito coberta de pelos alourados que estavam a
crescer depois de terem sido rapados. Estremeci perante a visão sem conseguir
pensar no que quer que fosse.
-
Estás mais quente, não? – consegui finalmente dizer
-
Bem mais! – sorriu percebendo perfeitamente o efeito que tivera em mim – uvas,
boa!
-
Gostas? – arranquei uma e levei-lha à boca
-
Muito! – disse curvando-se para a aceitar, sorrindo
-
São de Palmela e não têm grainhas… costumam ser muito boas!
-
São óptimas! – exclamou surpreendido
Dei-lhe
outra e ele voltou a aceita-la… desta vez envolveu-me os dedos com os lábios
num… enfim, numa cena que me fez perder a cabeça... uma pessoa tenta
controlar-se, mas há coisas que são demais… um homem não é de ferro.
Agarrei-lhe
os pulsos e pressionei-o contra o balcão, colando os meus lábios aos seus. Ele
estremeceu sentindo as mãos presas atrás das costas, arfou, mas não me tentou
resistir, abriu a boca para deixar a minha língua invadir-lha e correspondeu ao
meu beijo com o mesmo ardor que eu sentia.
Quando
parámos, os seus olhos brilhavam. Deviam estar com a mesma intensidade dos
meus.
-
É agora que me vais amarrar? – perguntou docemente
-
Bem… tu não estás propriamente a resistir! – sorri provocador
-
Era suposto resistir? – olhou-me intensamente
-
Eu até prefiro que não resistas!
Beijei-lhe
os lábios suavemente. Estavam doces, sabiam a uva.
-
Tu desconcentras-me! – disse
-
Ah sim? - fingi-me surpreendido
-
Ora és doce, ora és bruto… deixas-me a sorrir e depois…
Mordi-lhe
o lábio suavemente, desapertando o cinto do robe e abrindo-lho.
-
Sabes que eu sou como a sopa dos chineses…. sou agridoce…
Ele
riu-se da piada e sem o mínimo gesto de resistência quando as minhas mãos lhe percorreram o peito suavemente.
-
Assim posso ficar descansado que não vou ser violado! – foi a vez dele sorrir
provocadoramente
O
meu olhar tinha descido rapidamente do seu delicioso peito para se fixar no
sexo duro apontado para mim.
-
Sabes que o propósito da violação é abusar de uma pessoa que não quer cooperar!
– disse em tom professoral – portanto só há violação quando a pessoa não está
excitada sexualmente!
Levei
a mão ao seu sexo duro, massajando-lho suavemente e fazendo-o estremecer com o
contacto.
-
Eu estou muito excitado! – admitiu num gemido
-
O que significa que eu não te consigo violar… e parece-me que nem te preciso
amarrar! – murmurei-lhe ao ouvido antes de uma dentadinha – acho até que nem
preciso pedir!
Senti
as suas mãos dentro da minha camisola. Foi a minha vez de estremecer.
-
Tu não és do tipo que precisa de pedir, pois não? – ouvi
-
Não costuma ser preciso! – respondi – queres que te peça?
-
Não! – gemeu quando lhe mordi o mamilo que tinha um piercing
Senti-o
a puxar-me a camisola e ergui os braços para que ma tirasse. Ele atirou-a para cima
da mesa e senti imediatamente as suas mãos no cinto das minhas calças. Caíram-me
pelo corpo enquanto o vi deslisar à minha frente para se ajoelhar. Fechei os
olhos, agarrei-me ao lava-louças e inspirei fundo no momento em que senti a sua
boca quente a envolver-me. Fiquei quieto durante uns minutos, apenas gozando a
sensação da sua boca húmida à minha volta. Só algum tempo depois consegui olhar
para baixo, para a fantástica visão daquele homem de joelhos à minha frente e
do meu sexo a mover-se entre os seus lábios.
Ele
sabia o que fazia, mas eu queria mais.
Fi-lo
levantar-se para o tornar a beijar e durante esse beijo empurrei-o contra a
mesa da cozinha. Ele sentou-se nela a sorrir.
-
É agora que me vais violar?
-
Não aguento mais… quero estar dentro de ti!
Vi
o saco das compras ainda em cima da mesa e nem precisei afastar-me… abri a
caixa dos preservativos e a do lubrificante. Menos de um minuto depois forçava
a entrada e senti-o abrir-se para mim. Foi delicioso sentir as suas pernas
peludas apoiadas nos meus ombros, ver a sua expressão de desejo e os seus olhos
brilhantes enquanto me movia dentro dele… vê-lo gemer e contorcer-se quando lhe
apertava os mamilos, sentir as suas mãos a puxarem-me para si… finalmente perdi
o controlo e explodi segundos antes dele fazer o mesmo, lançando jactos de
liquido contra o seu peito.
Deixei-me
cair sobre ele, arfando… ouvia-se apenas a nossa respiração ofegante e
sentia-se apenas o cheiro de sexo inundando o ar.
Já
dentro dos lençóis, com o meu corpo encaixado no dele… quente, cansado,
sonolento, deliciado com o som da chuva a bater violentamente nos estores…
senti-me bem.
Mais
tarde, sentados no chão nas almofadas, encostados ao sofá a preguiçar depois da
ceia, com os robes abertos para que os nossos corpos pudessem tocar um no
outro… sentia-me bem com a vida.
-
Isto foi quase perfeito! – ouvi a certa altura
Olhei-o
surpreendido por ter sido arrancado aos meus pensamentos.
-
Quase? – franzi o sobrolho depois de ter processado a informação
Ele
atrapalhou-se com a minha expressão.
-
Tu… gostas de ser tu a… gostas de ser tu a mandar, não é?
-
Gosto de ser eu a mandar? – confesso que a sua hesitação não me permitiu
entender imediatamente o que ele queria dizer
-
És um bocado dominador…
-
Sou um bocadinho, às vezes! – admiti temendo o que aí vinha – achas que fui
demais ou de menos?
-
Não é isso, eu gosto! – apressou-se a dizer – é que…
-
Desembucha que uma vez, Manel! – disse secamente… não suporto hesitações e
preferia a noticia dita de chofre
Ele
estremeceu.
-
És só ativo? – perguntou reagindo imediatamente ao meu tom de voz
-
Porquê? É assim tão importante?
-
Não! Só um bocadinho… quer dizer, eu adorei estar contigo e gostei muito quando
me… foi muito melhor do que eu estava à espera…
Apertei-lhe
um mamilo com toda a força. Ele deu um salto e soltou um grito abafado,
contorcendo-se.
-
Quer dizer que passo a ideia que não presto na cama…
-
Não! Nada disso… nada disso mesmo, mas ainda foi melhor do que eu estava à
espera!
-
Ah bom! – sorri curvando-me sobre ele e beijando-lhe o mamilo
-
Gostei mesmo de estar contigo! – alegrou-se momentaneamente com a minha
expressão, mas o seu rosto voltou a ensombrar-se – mas é que eu também gosto
de…
-
Ah gostas, é? – nem queria acreditar como o tipo era perfeito para mim
-
Tu não gostas? – vi-o tenso
-
Vais ter de voltar para descobrir!
-
Já é tarde, não é? Queres que me vá embora?
-
Estava a pensar convidar-te para ficares comigo hoje! – disse-lhe – a chuva
ainda não parou!
-
Queres que fique?
-
Que mania que tens de perguntar aquilo que acabei de te dizer!
-
Desculpa! – disse logo virando-se para me beijar – se quiseres que fique…
-
Já pagaste a ceia com o corpo, mas vais ter de pagar a estadia também!
Ele
virou-se para se sentar no meu colo.
-
És pior que o governo, sempre a sacar! – acusou a rir
-
Podes sempre mandar um email ao Gaspar… pode ser que o ministro aceite que lhe
pagues os impostos com o corpo!
-
Está-se mesmo a ver! – revirou os olhos fazendo-me sorrir
Passei
as mãos pelo seu peito lentamente.
-
Vais-me excitar outra vez! – preveniu-me
-
Isso é um aviso ou um pedido? – provoquei
-
É as duas coisas!
Apertei-lhe
as nádegas com força e puxei-o para mim, para se erguer e ficar ajoelhado à
minha frente. O seu sexo já estava a crescer, mas ainda não estava duro,
consegui agarra-lo e faze-lo desaparecer completamente na minha boca. O Manel
soltou um gemido, entrelaçando os dedos no meu cabelo. Um minuto depois já não
era possível repetir a proeza… o seu pau era maior que o meu e tinha um tamanho
acima da media, já apanhara maior, mas geralmente eram menores… estava rijo
como pedra e eu não conseguia engolir sequer metade. Compensei em fervor,
sorvendo-o com vontade. Ele estremecia quando eu mudava os movimentos, gemia
cada vez que eu descobria algo que ele gostava.
-
Não aguento muito mais! – avisou ao fim de uns minutos
Parei
imediatamente, empurrando-o suavemente para trás.
-
Aguentas sim! – contrariei
-
Não me deixas vir? – perguntou confuso
-
Deixo! – sorri provocador – mas vens-te quando eu permitir!
Levantei-me
e puxei-o para me seguir. Arrastei-o para o quarto e beijei-o enquanto lhe
tirava o robe. Empurrei-o para cima da cama sem afastar o édredon… o que eu
tinha planeado não podia ser feito dentro dos lençóis. Tirei o cinto do seu
robe e envolvi-lhe os pulsos com ele. Eram duas da manhã. Ele estava de olhos
muito abertos, em expectativa, mas deixou-se amarrar à cama. Depois disso tirei
o cinto do meu robe e fiz o mesmo com as suas pernas. Senti sempre o seu olhar
intenso a seguir-me os movimentos, mas não abriu a boca senão quando me deitei
em cima dele e percorri o seu peito com a ponta da língua… só nessa altura
soltou um gemido. Continuava tão duro como antes… o ser amarrado não tivera o
mínimo efeito.
-
Podes-te vir agora! – fixei-o nos olhos
Os
dele quase lhe saltaram da órbita, estupefacto.
-
Agora não consigo! – exclamou como se eu fosse doido
Soltei
uma gargalhada… adorava deixa-lo assim.
-
Vou ter de te ajudar, não é? – sorri-lhe, roçando-me no seu corpo lentamente –
já vi que tenho de ser eu a fazer tudo…
-
Desamarra-me que eu mostro-te! – agitou-se, frustrado, tentando libertar-se
-
Não sejas rebelde! – mordi-lhe o lábio – se eu não quisesse faze-lo não te
tinha amarrado, pois não?
As
três velas que estavam acesas no quarto lançavam um odor delicioso e
proporcionavam a iluminação perfeita… havia penumbra, mas via-se tudo
perfeitamente. Ele não desviava os olhos de cada um dos meus movimentos. Viu-me
pegar numa garrafa que tinha na mesa-de-cabeceira e deitar um pouco de líquido
no pequeno cálice… daí espalhei-lho pelo peito lentamente. Senti-o agitar-se
debaixo de mim enquanto lhe voltava a percorrer o tronco másculo com a língua.
O tom dos seus gemidos aumentava a cada minuto que passava.
-
Ai, meu… dás cabo de mim! – arfava
Agarrara-se
à cama e a força que fazia deixava-me louco também por ver os seus músculos
completamente duros… pareciam pedra.
O
resto do licor de café foi para o seu sexo. Segurei-lho deitando o que restava
no cálice. Depois mergulhei sobre ele e engoli tanto quanto aguentei. Ele
soltou um grito abafado.
-
Tenho de te amordaçar também? – fixei nos olhos
Vi-o
cerrar os dentes e abanar a cabeça.
Voltei
a chupar… usei-o como um sorvete, sorvi-o como um gelado e admirei o esforço
que fez para se manter em silêncio. Contorcia-se, arfava, mas os gemidos que
não conseguia controlar eram abafados… e sentidos.
Quando
já não sentia o licor, coloquei-lhe um preservativo, enchi-o de lubrificante e
sentei-me sobre ele. Os seus músculos quase que explodiam com a força que fez
agarrado à cama quando se sentiu a invadir-me. Fi-lo entrar lentamente,
faseadamente… cada vez que avançava mais um pouco ele soltava um gemido. Não
consegui recebe-lo todo, mas não faltou muito. Esperei um momento para relaxar
e comecei a mover-me lentamente, conseguindo ainda mais um pouco de penetração.
Ele tentou a abrir as pernas, mas não podia, queria levantar-se e agarrar-me,
mas estava preso… houve um momento em que quase achei que ia enlouquecer,
soltou um grunhido como eu nunca tinha ouvido.
-
Solta-me! – pediu – deixa-me…
-
Não! – interrompi sem conseguir reprimir um sorriso de vitória… ele estava no
ponto
-
Por favor! – foi quase uma súplica
-
Não! – repeti apertando-lhe os mamilos
Vi-o
virar a cabeça para morder o pulso e não fazer barulho. Comecei a cavalga-lo… a
cama ressentiu-se.
-
Vamos acordar os vizinhos! – disse ele
-
Queres que pare?
-
Não!
Sorri
sem lhe explicar que o apartamento de baixo pertencia a um emigrante e estava
desabitado. Voltei a mover-me, alternando entre cavalga-lo e ficar quieto,
testando a minha capacidade de encaixe… nesse momento em que parava quase
completamente e em que apenas me agitava ligeiramente em movimentos rotativos,
era quando ele se agarrava à cama com toda a força e todo o seu corpo parecia
esculpido em pedra.
-
Foda-se, meu… eu assim não aguento muito mais! – gemeu algum tempo depois, num
dos momentos em que parei e me demorei mais nos movimentos lentos
-
Não faz mal… agora sim, podes deixar de resistir!
Continuei
com os movimentos rotativos, quase sem me mover e o efeito foi quase imediato…
vi-o tornar-se vermelho que nem um tomate e cerrar os dentes soltando um grito
abafado quando perdeu o controlo… fez pressão sobre mim, erguendo-se nuns
espasmos que me fizeram ter a certeza do que estava a acontecer. Pouco depois
eu inundava-lhe o peito com fortes jactos, tão excitado como ele estivera.
Quando
me retirei de cima dele foi um alívio. Usei o robe turco para lhe limpar o
peito e tirei-lhe o preservativo, sorrindo com o seu ar atento e o brilho que
tinha nos olhos.
-
Soltas-me agora? – perguntou suavemente
-
Agora sim! – sorri
Libertei-lhe
os pés e depois os pulsos. Curiosamente não ficara com marcas, mas também
agarrara-se às traves da cama, não puxara pelos pulsos.
Assim
que se sentiu livre, levou a mãos à minha face e puxou-me para ele para me dar
um beijo que me surpreendeu pelo ardor… aquilo foi novidade para mim e
completamente inesperado.
-
Nunca tinha sentido nada assim…
-
Foi muito mau?
-
Estás a gozar! – exclamou como se eu tivesse dito um imenso disparate – esta
queca vai direta para o meu top 5!
-
Menos mal! – tentei não demonstrar, mas o meu coração bateu de prazer… ou ele
era um excelente ator, ou estava dizer a verdade
-
Amanhã posso vir ter contigo? – ouvi um murmúrio no meu ouvido
Senti
a minha face abrir-se num sorriso.
-
A partir das 11h30 não te atento a campainha!
-
E se eu me atrasar?
-
Tu não te vais querer atrasar, pois não?
-
Não!
Adormeci com um sorriso
nos lábios.
Conto fantástico, parabéns!
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